Categorias:

Da série: Advogadas/Belas Mulheres/Guerreiras!

Ainda não tive o prazer de conhecer a Juliana pessoalmente, nossas conversas foram apenas pela internet ou Whatsapp, mas uma história de tanta luta, determinação e vontade de viver merece ser contada todos os dias para que nos sirva de exemplo. Todas as vezes que a gente reclamar da vida por qualquer bobagem vale a pena lembrar dessas pessoas guerreiras que enfrentam essa doença tão penosa para elas e para suas famílias. Fique agora com a história da Ju, contada por ela mesma. Ju, estamos aqui torcendo por você!!!!

Fotos: Marciano Dal Molin.

“Me chamo Juliana Giachini e tenho 24 anos, quase fazendo aniversário já que está próximo o 10 de setembro. Nasci em casa, no município que resido até hoje, Cruzeiro do Iguaçu. Meus pais se chamam Marilene Reffatti Giachini e Neudir Antonio Giachini. E fui presenteada com duas irmãs mais velhas, Mariana e Carolina.

Tive minha infância sadia, morando no sítio, sempre perto dos animais de estimação que tanto amo, meu sonho era ser veterinária pra ficar mais perto deles. Mas na hora do vestibular resolvi mudar, e fazer Direito. Em 2014 terminei meu curso na CESUL, em Francisco Beltrão, me formei advogada e em poucos meses comecei a atuar. Aos 22 anos, minha alma brilhava aos sonhos, estava conhecendo um mundo novo.

Em novembro para o meu desespero, fui diagnosticada com câncer. Um Linfoma de Hodgkin estágio II, cervical e mediastino (no pescoço e entre os pulmões). No primeiro momento, meu mundo e o de minha família desabou. Os medos afloraram, a incerteza do sucesso no tratamento e meus sonhos profissionais levados a zero. O tratamento se tornou angustiante. A cada quimioterapia meu corpo enfraquecia mais. Perdi muito peso e não conseguia expressar muito ânimo com o tratamento, pois eu não via ele como a minha cura, e sim uma tortura. Tentava me manter forte na frente dos outros, mas por dentro eu estava arrasada. Passava mal só em pensar no hospital. Em 2016 terminei o tratamento e os tumores haviam sumidos. Foi bem pesado e prometi a mim mesma que preferia a morte a ter que fazer de novo quimioterapia.

Já em 2017, realizei novos exames de acompanhamento, onde se notou alterações. Comecei a sentir dores, e numa rotina de exames eu sabia que algo não estava bem, mas não conseguia descobrir o que era. Após outras tentativas sem sucesso, em maio fui diagnosticada com câncer novamente. O mesmo Linfoma, porém em outros lugares, com sinais na coluna, quadril e abdome.

Os remédios não aliviavam mais as dores que eu estava sentindo e de tão intensas eu só clamava a Deus por um diagnóstico, não interessava o que fosse eu queria o resultado pra iniciar um tratamento e me ver livre dessas dores de uma vez por todas.

Minha família sofreu junto a angustia do desconhecido, e depois o tão temido diagnostico de câncer.  A minha vontade de dar um basta as dores era tanta que recebi o diagnostico via telefone, e na mesma hora procurei minha médica em Cascavel e já marcamos pra iniciar o tratamento. Na semana seguinte eu internei pra iniciar, e logo no primeiro dia de quimioterapia eu tive a minha ultima crise de dor. Foi como se tivessem tirado com a mão. Até hoje não tive nenhuma crise de dor mais.

Aquele pensamento que tinha de preferir a morte a um novo tratamento eu apaguei da minha mente, pois eu quero é viver e estou lutando pra isso. Nem me importei em perder os cabelos, sei que a beleza está dentro de mim, a aparência não iria importar.

Nunca estamos preparados pra receber um diagnóstico de câncer, mas agi de prontidão e escolhi que ia lutar com todas as minhas forças pra acabar com essa doença em mim. E assim eu iniciei meus dias, com um sorriso no rosto, e o pensamento positivo. Decidi ignorar os efeitos da quimioterapia, parei de reclamar da vida que tenho, valorizando mais o momento, e quem me cerca.

Parei de trabalhar, estou me dedicando exclusivamente a minha saúde. Minha rotina social está em zero, não é fácil se excluir da sociedade depois de estar acostumada a frequenta-la. Mas respeito o tratamento e tento seguir a risca para eliminar qualquer possibilidade do câncer se manter em mim.

Ainda estou em tratamento, terminei a fase das quimioterapias e em breve vou internar para realizar o transplante de medula óssea, depois dele terei de mudar toda minha rotina, vou voltar a ser um bebê, com cuidado extremo, nem a louça vou poder lavar pra evitar qualquer corte, contaminação. Minha imunidade irá a zero, estarei vulnerável a tudo. Esse processo do transplante é fortíssimo, elimina tudo de ruim dentro de mim, mas elimina as minhas defesas também, tanto que após o período de cuidados extremos, vou receber todas as vacinas novamente, pois não vai restar nenhuma delas “memorizadas” no meu corpo.

Nesse processo a família toda me amparou. Somos mais unidos, mais carinhosos e amorosos uns com os outros. E não digo só pai/mãe e irmãs. A doença transformou o modo de ver e lidar com o próximo de todos, tios/tias primos, avós. O apoio que eles me fornecem é essencial na minha melhora. Neles me inspiro e me preencho. Além disso recebo muito carinho dos meus amigos e amigas. Não me senti abandonada em nenhum momento.

A tristeza às vezes entra. Faz parte da doença “sentir o luto”. Mas o que eu não me permito é deixar que fique. Me dou um prazo, um dia, uma semana e basta.

Fotos: Marciano Dal Molin

O câncer me fez vivenciar a dor e a esperança. A ver que o amor brota do pior sofrimento e que tudo são fases que servem para nos fortalecer. Graças ao câncer eu pude perceber o amor ao meu redor, sentir que as pessoas precisam de mais atenção, carinho. Foi então que tive a iniciativa de realizar umas fotos pra registrar a carequinha e motivar quem esta passando pela mesma batalha ou seja ela qual for. Tenho muitos seguidores que me acompanham no Instagram, no blog e facebook. Decidi expor essa fase difícil com muito bom humor, para impressionar ainda mais as pessoas, atraindo e incentivando a serem mais otimistas com a vida e não fazer um alarde tão grande para a pequena pedra que encontrou no caminho e sim usa-la como degrau para crescer. Temos o costume de reclamar demais. Essa mudança positiva atraiu muitas pessoas especiais ao meu redor. Recebo apoio de desconhecidos que me contam suas histórias de luta e superação.

É gratificante saber que sua história serve como incentivo a muitas pessoas então eu pretendo continuar com esse trabalho nas redes sociais, que é onde envolve mais pessoas e consigo transmitir a elas que está no nosso pensamento a força que precisamos pra enfrentar qualquer obstáculo que se coloque contra nós. Metade da cura é o tratamento nos hospitais, mas a outra metade depende só de nós, da nossa boa vontade e positividade. Sejamos as pessoas que desejamos ter por perto.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.