Da série: Mulheres de Pato Branco no Mundo!

A história de hoje vem de longe, do outro lado do mundo, lá da África, mais precisamente do Quênia e conta sobre uma menina linda e encantadora. Confesso que quando terminei de ler a sua história meus olhos se encheram de lágrimas e quase não consegui mandar um áudio para a Larissa porque simplesmente ela conseguiu me fazer entender que o meu trabalho com o site está me permitindo conhecer muitas histórias de vida linda, assim como a história dela. Eu conheço ela há mais de 20 anos, nunca fomos amigas íntimas, mas sempre tive admiração por ela, porque na minha adolescência ela era a musa de todas as meninas. Larissa é uma das mulheres mais lindas da história de Pato Branco! E ela, em nome da família, ganhou o mundo, alçou voos, conheceu países e muitas pessoas na sua estrada, e hoje desenvolve um trabalho para trazer motivação, inspiração e vida nova para muitas mulheres do mundo. E no dia 08 de março a Larissa estará de volta a Pato Branco trazendo a super palestra! Agora eu deixo vocês com essa linda história, contada por ela mesma!!!

“Mesmo depois de quase 20 anos longe da minha cidade, as lembranças continuam vivas na memória, como se fosse ontem.Reuniões de família todo domingo,  uma família de muitas mulheres, era um tempo muito bom. Todas na cozinha, preparando a comida, falando sem parar ao mesmo tempo… momentos que até hoje me inspiram.

Nasci em Pato Branco  em 10 de junho de 1974, e o que mais se destacava, segundo minha mãe, era minha personalidade inquieta. Morei meus primeiros 10 anos em Mangueirinha. Vivi praticamente toda minha infância em uma fazenda, um tempo rico em diversão. Passar os finais de semana subindo em árvores, comendo  frutas, brincando, correndo, querendo descobrir tudo. Talvez essa curiosidade seja o que me motiva a estar sempre mudando.

Quando completei 10 anos mudamos para Pato Branco, foi minha primeira grande adaptação. Era uma vida muito diferente, nova escola, novas amigos, nova casa, tudo novo. Logo em seguida, aos 11 anos tive meu primeiro emprego, fiz um curso no SENAC de datilografia e trabalhava meio período datilografando trabalhos para alunos da antiga FUNESP (a única faculdade de Pato Branco),  pois naquela época não tinha computador. Durou um ano. Depois recebi o convite que me levaria para o caminho da educação: uma amiga de minha irmã que era professora, a querida Aliandra, me convidou para ser sua auxiliar na Escola Dona Frida, pois elas precisavam de alguém para ajudar com duas crianças super especiais, Rodrigo e Raul.

 

E lá fui eu, cheia de medo, tímida, mas com muito amor , queria fazer tudo perfeito. Lembro que durante a tarde a nossa saudosa Dona Frida  me chamava e me oferecia chá. Ali começava a se definir meu futuro como professora.Trabalhar com crianças acabou sendo minha primeira paixão. Fiz magistério no Premem e no final do Ensino médio, participei de um concurso de beleza promovido por uma rádio e TV de Pato Branco,  era um concurso que envolvia mulheres de 40 cidades e eu ganhei.

Um outro mundo se abria, nunca me passou pela cabeça trabalhar como modelo, mas aquela era uma oportunidade de aumentar minha renda e poder ajudar minha família. Morei um ano em Curitiba, trabalhando em uma agência de modelos. Mas aquilo não era algo que me encantava, eu queria crescer, queria ser mais do que modelo. Então resolvi voltar pra casa e estudar. Passei no vestibular de Pedagogia e recebi um convite para trabalhar no Colégio Nossa Senhora das Graças, onde entrei com 19 anos e saí aos 25 quando me casei.

Essa foi outra grande mudança!! Meu marido é paulista e estava trabalhando em Pato Branco quando o conheci. Casamos em outubro de 1999, três meses depois ele recebeu sua primeira transferência para Porto Alegre e lá fomos nós, mal sabendo que ali começaria nossa grande aventura.

Foram 6 anos em Porto Alegre, começamos a construir nossa vida e nossa família, em 2002 nasceu Pedro meu primeiro filho e em 2004 nasceu Artur. Em janeiro de 2006 meu marido recebeu um convite para trabalhar em Oslo na Noruega, seria nossa primeira experiência fora do Brasil. Não foi fácil aquela decisão, pois eu estava grávida pela terceira vez. Fechamos o apto que morávamos em Porto Alegre e fomos nós, Pedro com 3 anos, Artur com 1 ano e eu grávida de 3 meses da Clara.

Posso dizer que a Noruega foi uma das grandes experiências de como se adaptar ao diferente. O primeiro ano foi pura adaptação, com o frio de até 25 graus negativos, muito escuro, comida estranha,  hábitos mais ainda, cultura, tudo muito diferente. Aprendemos a viver somente nós, com nosso núcleo familiar. Vencemos o desafio da língua, do trabalho novo, de entender como funcionava a escola norueguesa onde os meninos estudaram por 2 anos, depois foram transferidos para uma escola americana, onde tudo ficou mais fácil. Cada dia era um novo desafio . Meu marido viajava muito, eu ficava lá com as crianças e tinha que me virar.

Ficamos em Oslo por 4 anos, e foi lá no meio daquele turbilhão que descobri minha segunda paixão (e hoje minha profissão), pois meu primeiro contato com Coaching foi em 2006. Me apaixonei pelas técnicas e pelo processo. Eu sabia que naquele momento com as crianças muito pequenas eu não conseguiria começar a estudar mas programei, coloquei como um plano, um propósito.

Lembro do dia que Roberto chegou em casa do trabalho, eu estava cozinhando com a Clara no colo, o Artur pendurado em minha perna, o Pedro fazendo tarefas da escola, em inglês, uma cena que nunca vou esquecer (só lembrando que na Noruega é muito difícil vc ter alguma ajuda em casa como uma diarista) Eu olhei para ele e disse: “daqui 5 anos eu estarei trabalhando novamente, e eu irei escolher o que quero fazer, e será muito legal!!!!!”

Parece engraçado mas naquele momento eu já sabia o que eu iria fazer, não sabia como, mas tinha  certeza que o que eu escolheria seria maravilhoso. E assim aconteceu! Voltamos para o Brasil em 2010 e comecei a  me especializar, fiz todos os cursos no Brasil, mas eu queria mais. Fui buscar fora, uma especialização mais específica nos Estados Unidos. Um mundo de possibilidades foi se abrindo!!!

O que eu tinha planejado, era ter um trabalho que eu pudesse levar comigo para onde fôssemos, independente do país. Consegui!!

Em 2015 mudamos para a África, para Nairóbi, capital do Quênia (onde moro hoje), e trouxe comigo meu trabalho. A adaptação em um país novo leva de 6 meses a 1 ano. Parece muito, mas o tempo voa, e passa num sopro. Posso dizer que depois de um ano, tudo aquilo que me era muito estranho hoje é normal. Meus conceitos mudaram, assim como a forma de ver as coisas.

O Quênia é um país que está crescendo e se desenvolvendo mas ainda sofre com uma pobreza incrível, um povo miserável, que muitas vezes dói aos olhos, e é chocante como ainda alguns hábitos nocivos são tão fortes, como as diferenças tribais.As mudanças nunca são fáceis, mas elas podem nos transformar, nos fazer melhores.

Hoje sou uma palestrante motivacional , trabalho com pessoas de vários países e nacionalidades. Eu me especializei em treinar pessoas, em ajudá-las a se desenvolverem e a buscar resultados positivos para sua vida pessoal e profissional.

Em 2017 recebi um convite da Skillshare, uma empresa que oferece aulas online, com mais de 3 milhões de seguidores, para fazer parte de sua equipe. Não sei quantos brasileiros trabalham lá, só sei que eu sou uma. Quando recebi esse convite é que comecei a dar conta da repercução do meu trabalho.

A internet é minha grande aliada, consigo fazer todas as minhas reuniões pelo computador, independente do lugar onde eu ou meu cliente esteja. Consegui definir muito claramente o que quero. Meu trabalho é importante, amo o que faço, mas hoje reservo tempo para tudo mais que é importante na minha vida, minha família e eu mesma.

Esse conceito é que levo para mulheres de todo o mundo, você pode ser mãe, esposa, profissional, e ainda cuidar de você mesma. E o trabalho é gratificante principalmente quando você pode ver e descobrir quantas coisas temos em comum mesmo tendo culturas diferentes.

Acho que é isso que deixa meu trabalho rico, conhecer muitas mulheres e ver como todas buscam um algo a mais.Tenho planejado muitas novas empreitadas, o que me motiva muito, e além do meu atual projeto social nos orfanatos aqui de Nairóbi, já estou programando para o segundo semestre um projeto com mulheres. Eu acredito que quando você doa um pouco do seu tempo para ajudar o próximo, com amor no seu coração, a vida lhe proporciona gratas surpresas. Voltar pra casa, para poder dividir meu trabalho com as mulheres da minha cidade é uma dessas gratas surpresas.

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