Na matéria de hoje eu tenho a contribuição da Jornalista Aline Araújo que conta a história do Seu Lima, uma pessoa comum, mas que faz um trabalho extraordinário de proteção e cuidado aos animais abandonados de Pato Branco. A Aline conhece muito bem a história de vida do Seu Oldemar Lima porque ela e a sua mãe, Lenara, são voluntárias ativas que ajudam e apoiam a Associação do Seu Lima. Acompanhe:
“Contar histórias de vida de gente que faz acontecer, faz bem para o ego de qualquer um! Então vamos lá…
A homenagem da vez é Oldemar de Lima, conhecido em Pato Branco como Seu Lima. Seu Lima é um senhor de 62 anos, muito doente, mas cheio de vida. Adora cantarolar músicas dos anos 60, 70 e mesmo nos dias mais cinzentos, tira forças para dar continuidade as suas atividades e convenhamos, são muitas atividades.
Com apenas 20 anos Oldemar teve o primeiro AVC que deixou sequelas, mas que não o impediu de batalhar. Atarefado e bastante ansioso, Seu Lima paga com seu corpo os efeitos das preocupações diárias, uma vez que já teve três infartos e realizou dezesseis cirurgias.
O maior motivo das preocupações de Seu Lima tem nome, alias quase 200 nomes. Oldemar é fundador da primeira entidade de Pato Branco que colocou a mão na massa e passou a tratar e cuidar dos animais abandonados da cidade.
Tudo começou em 2006, quando Lima, que já foi motorista de ônibus, táxi, “vanzeiro” e mestre de obras, em uma das suas voltas encontrou um cachorro todo queimado e cheio de bichos na cidade. Ele conta com lágrimas nos olhos que aquela cena não saiu de sua cabeça e que nem conseguiu dormir pensando na dor que aquele animal sentia. Com isso, passou os 15 dias seguintes procurando o cão que estava ainda mais debilitado quando o encontrou. “Nosso amigo” foi recolhido e levado ao veterinário para tratamento e viveu por muitos anos sob seu cuidado.
Mal sabia ele que sua vida mudaria muito depois deste cão. A partir dali, veio a Neguinha, o Negão e muitos outros. Lima começou a resgatar cães, atropelados, doentes, machucados, velhos que eram largados nas rodovias, lixões e estavam com suas vidas a própria sorte. Sua vida mudou tanto, que pediu demissão do emprego, vendeu tudo o que tinha e comprou uma chácara e começou as obras da associação.
Atualmente, a Associação Lima de Proteção aos Animais de Pato Branco cuida e abriga cerca de 200 animais, dentre eles três macacos pregos e muitos gatos que não podem ser doados, pois são portadores do vírus da FIV (Imunodeficiência felina, ou “Aids”).
Diante de tantas dificuldades, Seu Lima realiza um trabalho maravilhoso, mas que depende muito da boa vontade de doadores que ajudam a manter a associação.
Impossibilitado de resgatar mais animais, devido à falta de recursos. Oldemar cuida da associação com a ajuda de três funcionárias, a esposa e alguns voluntários. Para ele, a maior dificuldade que encontra é a questão financeira, pois os custos fixos giram em torno de R$ 23.000,00 e as dívidas nas veterinárias da cidade aumentam a cada dia.
Sempre lutando, Lima compra briga quando o assunto é animal, atualmente muitas melhorias, projetos e incentivos aos protetores de animais vieram pela sua coragem.
Outra grande dificuldade que Seu Lima enfrenta em seu trabalho é a falta de conscientização da população que não enxerga a vida de um animal, como vida. São muitos casos de maus tratos e animais abandonados procriando nas ruas.
Em Abril deste ano, 2018, Seu Lima ficou novamente muito doente. Devido a uma forte crise renal, precisou ser hospitalizado para retirada de pedras e como estava com a imunidade baixa, acabou tendo uma infecção generalizada. Desenganado, ficou em coma por 16 dias, voltando com uma forte confusão mental, exigindo inclusive de cuidados psicológicos. Depois de passado o susto, Seu Lima retornou as atividades com um pouco mais de cautela.
No mês de maio, um grupo de voluntários, organizou uma macarronada para quitar as dívidas da associação. Foi arrecadado R$18.448,00, nos quais foram direcionadas as veterinárias locais que prestam atendimentos aos animais. Apesar de quitar as contas, as dívidas novamente estão altas, afinal, cada dia tem um precisando de tratamento.
O sonho do seu Lima é reformar seu sítio, que tem as baias na maioria improvisadas, mas por enquanto isso é somente um sonho. A limpeza do local é prioridade na rotina de Seu Lima, Bel, Dina e Rose mantém o canil impecável.
Enfim, o dinheiro é pouco para tantas despesas. Relata ser muito grato e agradece a parceria que tem com alguns empresários locais, que o ajudam financeiramente, mas informa que toda ajuda é bem vinda. “Precisamos de panos, cobertores, vassouras, material de limpeza, rações e comidas para os cães idosos. As doações podem ser feitas em dinheiro ou produto, aceitamos tudo!” conta.
Para esse velho sonhador, a solidariedade é o seu braço direito. Seu Lima vive e sobrevive com essa realidade, o descaso com os animais e tenta fazer a sua parte para um mundo melhor.”
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